outubro 28, 2008

Fogos

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Sei lá eu preciso de mais um final de semana pra eu voltar pro meu mundo (ir)real sem ter o ímpeto de fazer surgir teu olhar depois de acordar. Sei lá o plano de fundo não muda, e muda tanto, assim bem bom. Sei lá de repente tudo o que cheiro tem a mesma lembrança.


se é doce

se é de madeira

se é de pele 

se é fumaça - ô pai, que doença.


Por isso deixei de contar quantos raios coloridos saem dos fogos que nos iluminam essa noite. Simplesmente me joguei no campo pra admirar a beleza do mosaico que se formava e, quando acendemos o último pavio, ainda via estrelas cor de laranja e raios violeta, ô pai, que doença.


um beijo

uma palavra

uma pegada

um abraço


Saboreio os centésimos dos segundos sem deixar de voar


Chama que eu desço pra te buscar

Suspira que eu canto até o dia raiar.

Do farol

"Leva teus barcos pra outro cais
pois aqui não são bem quistos teus piratas"

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Engole teu remorso de santo pagão
e não me presenteias com a tua falsidade
Que é pra atrasar a tempestade
Que é pra deixar ficar a saudade

Teu ouro reluz, mas é lavado com meu sangue
Por isso afasta de mim essa culpa vã
Que é pra evitar tua morte
E te (me) entregar pra sorte

Fim de estação

Acabou o tempo.
Fecharam as portas, apagaram as luzes: o circo vai embora.

Guardam os pilares
Desfazem-se as estruturas
Assim a alegria se vai
          deixando o campo aberto, sujo
          e as boas lembranças

Como é triste ver as lonas caindo
mas ninguém vai chorar
ah não.

.
Despede-te do teu palhaço
e leva contigo o meu sorriso

Porque agora ele pega a estrada
Procurar outro lugar, outro espaço pra amar.

Minuto

As velhas folhas do passado insistem em levar-me
e, contra a direção de meus ventos
as horas brincam com a vida de um jeito abstrato,
       acariciando minhas cicatrizes
       dobrando meus alicerces sem pensar.