maio 31, 2009

Ao meu sétimo par

Larga do meu pé essa vontade

de sorrir o tempo inteiro

O reflexo do outro é tua utopia

amarga e esconde meu alento


Não quero mais que conquiste abraços

muito menos que me salve das tempestades cerebrais

um do outro

enquanto espelho

um do outro

enquanto tudo

Por que não me dá mais liberdade

de mergulhar neste desencanto

mostrar o que realmente se esconde por trás do pranto

que, de esporádico, mente que não existe


De tantos que este rosto conquistou

de tantos medos que afugentou

de tantos egos que acalmou

de tantos amores que encontrou


Vou ser aquilo que sou

Me deixa transparecer

.

Primeira poesia da nova vanguarda literária.

A terra fomenta o caos.


Enquanto me distraio com esse copo de vinho

vejo o caos com fome de terra

e o vinho com gosto de chão


Atiro-me ao cerne da existência

E arrisco a carne no limbo

Bebo o sangue que dorme no copo

Expelindo fogo fátuo pelos dentes


Risco o fósforo

Atiro ao copo

.



Primeiros passos da nova vanguarda literária. Esta poesia foi construída por três poetas que intercalavam versos - após um escrever, passava o bloco para o seguinte -, sem qualquer comunicação verbal. A intenção é jogar com os diferentes pensamentos dos poetas e unir as idéias, formando um amálgama completamente diferente e único. Essa é uma das características da nova vanguarda.

Créditos - em ordem de verso: Felipe Lins (.quantocustainterrogacao), Marcos Vinícius Ambrosini Mendonça (.serestainsana) e Jader Piccin (.jaderpiccin). Adaptação: Marcos Vinícius Ambrosini Mendonça (.serestainsana).

maio 05, 2009

Prólogo

Engraçado foi o jeito com o qual ele conseguiu sorrir naquele dia. Nada parecia encaixar; até o par de meias que vestiu antes de sair de casa estava trocado. Errou de chave duas vezes e, durante o caminho até a garagem, divagava sobre como era repleto de defeitos e como eles estavam a estragar a sua semana. A neblina impedia ter qualquer noção de proximidade com as ruas e o ar gelado que respirava tocava mais o coração do que os pulmões. Cada passo lembrava cada segundo dos momentos frustrantes do reencontro de ontem, desde o primeiro contato até o último adeus. O carro parado, sozinho, incitava qualquer tipo de comparação consigo mesmo, até porque qualquer suspiro o afundava em tristeza. O ritual é sempre o mesmo: olhar para os lados, abrir a porta e se manter atento, mas a mente não seguia mais o espectro do olhar; a retina transmitia uma outra imagem, em um outro mundo. Liga o carro. Pressa, já está tarde, vamos resolver isso logo, olhe para os lados, mantenha-se seguro.