agosto 18, 2009

Serenada

Seja sábio em tuas palavras,

beija-a-flor

Amansa a fera com teu sorriso, tua cor

de primavera. Sem dó

à volúpia ardente que brota em cada pétala


Faz deste momento nossa glória

É verão, lá dentro sem chuva

mas com o sabor molhado da aurora

Adentra na relva seca e sublimai


Já é seca e liquidou o néctar

mas ainda há imaginação nestas mentes

inda há vinho nas taças dos amigos

inda há amor no caminho do vento


.

Venta e segue!



Minha versão da poesia construída pelos neovanguardistas Felipe Lins, Danielle Rumi (.quantocustainterrogacao) e Marcos Vinícius Ambrosini Mendonça (.serestainsana). Em ordem de disposição dos versos. Que vivamos para comer mais poesia e cuspir mais boas idéias. Saber pensar vale mais a pena que pensar somente.


agosto 09, 2009

Cárcere (V)

Este outro homem que vai ao chão

é vestígio das marcas que deixei aos ventos


Palavras homicidas

de caminhos perdidos

oásis tempestuosos

alarmou atrocidades

Falsa peregrinação

com os pés invertidos

desorientou a caravana

instituiu inimizades

Ideal usurpado

afugentou as verdades

de guerreiros esperançosos

lançou sonhos funestos


.

Mas meu senhor,

é de um rumo distorcido

pela decepção de uma utopia

joguei aos punhos o que sentia


ainda há brados neste peito

resoluções, tentativas

não encontradas

senescentes

.


Sua sentença já fora decretada.


Extermino

Sobrevivo

agosto 07, 2009

Cárcere (IV)

.

Foi então que no fim da noite ele decidiu lobrigar o retrato que tanto receava. A tez intumescida gritava às suas cicatrizes, abertas - escaradas. Eu fico, aguento e interpreto cada linha tortuosa no mesmo ritmo cardíaco com que alimentei cada erro. Fito seus olhos e não desisto. Indignado. Hostiliza esse mal, homem, e faz do teu torpor tua redenção. Não te entrincheiras abaixo das tuas sombras e lança tu - sim, soldado do tempo - lança tu estas granadas e destrói de uma vez esse último pilar que te corrompe e te priva do viço que fez crescer teus galhos e florescer os frutos que tantos já admiraram. Cansado. As mãos buscam ultrapassar o crânio e arrancar de dentro dos sulcos a resposta em que tanto aposta existir dentro deste hipocampo tão mal usado. Sofrido. E não, ele não limpou o lodo que reproduzia seus movimentos dentro do cárcere. Porque dali se enxergava o mundo. Suas costelas finas, seus entes caídos e mesmo a amargura daqueles que já morreram na vã tentativa de lá escapar. Apagado. Ele franze a testa. Eu me deito. Sinto o caminhar das lágrimas junto com a minha inspiração. Dialoga comigo. Empenho-me em compreendê-lo. Exaurido. Gargalha em pranto e aponta em mim o rosto falho que lhe falta. Não o olho mais. Tampouco o ouço. Não há mais lodo, não há mais graça. Não quis mais aguardar. E contra a brisa do crepúsculo hoje só brada o meu ofegar. Epifania. Os dias doravante mais secos; as noites, doravante mais ermas.