novembro 16, 2008

Cavaleiros da razão

Finalmente, lá estão eles
.
Os paladinos da câmara
escura; retardatários da sociedade
para asseverar de vez vossa alegria

Vorazes
     Sem abnegações,
Vanguardeiros
     desprovidos de sapiência;
Verazes
     heróis
Vergastadores
     sem pêsame.

Labutadores
a defender os teus
valendo-se dos meus
como santo escudo.

novembro 13, 2008

Atrapalhado

Por onde anda o ponto final

do fim do verso

        responda-me


as letras apaixonaram-se

dançam entre os meus dedos

        explica-me


coloca aqui uma vírgula

segura esse meu ímpeto

        expulsa-me


ou deixa a estrofe voar

e pousar

acariciar tua tez

        venera-te


.


novembro 06, 2008

Cicatriz da minha terra

É esta a dor que te corrói
        destes teus filhos
        a trocar desdém
        olhares desiguais
        colabando teus vasos
- Solitários.
- São cinzas.

Teu cerne é cristal
brilha, porque que se faz belo
arde, posto que é corpo

E o ser saprófago que por aqui transita
não te admira mais
te consome

Assim, amálgama do preto e do branco
transforma-te
aquém das tuas curvas
em mosaico
arco-íris
.

novembro 05, 2008

Reflexo

"O que eu mais queria era um outro mundo para que lá pudéssemos viver"


O meu vício seria te agradar

Te entender, esculpir-te em versos


E na aposta por uma esperança

Marcho para mais uma contenda

Mais um poema


.

Impossível é tirar essa segurança 

que nunca vai sair de mim

Pois aqui ela sempre morou no coração


É assim que tu me desafias?

Não há ninguém como você

Só não sei se chegaste atrasada

Ou cedo demais


Por isso não vou te jurar.

Te encontro e, de novo

me desmancho.



Inspirado no original da neovanguardista A.C.G

novembro 03, 2008

Lately

.
Dreamin' with my confusions, thoughts turn into pieces.

Sometimes we need to solve the puzzle, quickly
to run away from my 
(your) 
nightmares.

While I match the forms, colors and shapes
I try to wake up
breaking the walls
frightening past

just to watch the dawn
or at least part of my 
(your)
sun.

novembro 02, 2008

Primeira carta de Mirna

No verso do tempo
tá a bela dádiva
eternidade
e na efervescência dos destinos
As mãos espalmadas
da fé
Ah! você

ponto congruente do destino
concorrente...
Ponto onde passam
mil retas...
É que na raiz da estrela está a
cadência da cadente...
estrela do oriente

Amar é ser adulto...
Às vezes escente.

Escrito por Mirna em 08/12/04

outubro 28, 2008

Fogos

.

Sei lá eu preciso de mais um final de semana pra eu voltar pro meu mundo (ir)real sem ter o ímpeto de fazer surgir teu olhar depois de acordar. Sei lá o plano de fundo não muda, e muda tanto, assim bem bom. Sei lá de repente tudo o que cheiro tem a mesma lembrança.


se é doce

se é de madeira

se é de pele 

se é fumaça - ô pai, que doença.


Por isso deixei de contar quantos raios coloridos saem dos fogos que nos iluminam essa noite. Simplesmente me joguei no campo pra admirar a beleza do mosaico que se formava e, quando acendemos o último pavio, ainda via estrelas cor de laranja e raios violeta, ô pai, que doença.


um beijo

uma palavra

uma pegada

um abraço


Saboreio os centésimos dos segundos sem deixar de voar


Chama que eu desço pra te buscar

Suspira que eu canto até o dia raiar.

Do farol

"Leva teus barcos pra outro cais
pois aqui não são bem quistos teus piratas"

.
Engole teu remorso de santo pagão
e não me presenteias com a tua falsidade
Que é pra atrasar a tempestade
Que é pra deixar ficar a saudade

Teu ouro reluz, mas é lavado com meu sangue
Por isso afasta de mim essa culpa vã
Que é pra evitar tua morte
E te (me) entregar pra sorte

Fim de estação

Acabou o tempo.
Fecharam as portas, apagaram as luzes: o circo vai embora.

Guardam os pilares
Desfazem-se as estruturas
Assim a alegria se vai
          deixando o campo aberto, sujo
          e as boas lembranças

Como é triste ver as lonas caindo
mas ninguém vai chorar
ah não.

.
Despede-te do teu palhaço
e leva contigo o meu sorriso

Porque agora ele pega a estrada
Procurar outro lugar, outro espaço pra amar.

Minuto

As velhas folhas do passado insistem em levar-me
e, contra a direção de meus ventos
as horas brincam com a vida de um jeito abstrato,
       acariciando minhas cicatrizes
       dobrando meus alicerces sem pensar.

setembro 24, 2008

Densidade

Empurro as paredes que me encurralam com os ombros para sentir o pouco de ar que ainda resta neste cubo.

As mãos já atadas ao corpo são fruto do veneno doce que deixaste junto ao meu vinho. Sabemos que foi um discurso de palavras decoradas e, mesmo assim, insistiu, obnubilada o suficiente para ter plena consciência dos buracos que pisei e dos que ainda piso enquanto crio meus versos e espio pelas frestas.


Mas o meu canto é de liberdade
          dando voltas nos labirintos das tuas voltas, forço gritos que não ouço.
e minha garganta sangra, sucumbindo ao suor que brota em minha pele.

E o meu canto é de liberdade
          e o grito que segue a ecoar pelos teus prados
me revela que ao me soltar dos teus braços
meu corpo treme junto às cordas que deixaste.

setembro 23, 2008

Erguer-se

.
Pra eles, paciência.

A onipresença está além do plano exterior
E o sorriso não refrata, meu bem
reflete. Na intenção de iluminar uma única imagem.

Lutar até sangrar
é mais nobre que fornecer as armas
e é mais belo que comandar as hordas
porque o calor que fere é mais romântico que ouvir o ecoar dos gritos.

E os restos
não vão mais pro porão,
que está tão, mas tão cheio.

Agora eles queimam. Espaço? Necessário.
Tempo? Infinito.

setembro 22, 2008

Vôo

Não preciso do relógio pra sentir que já é bem tarde da noite.
Hora em que eu me reencontro, misturando a fantasia que é a nossa realidade
com o mundo irreal dos meus sonhos.

Lá tudo acontece:
o meu mundo se torna mágico
uma mistura de surreal com o fatídico com o animal com o sentimental

E lá, juntos, nos achamos
                   nos encantamos
e sempre cada verso é respondido com um sorriso. Ou com dois. Ou com três.

Mesmo quando dou as costas e volto às lembranças
não deixo de alucinar o cheiro que me trás de volta ao presente
   nascendo no calor dos teus beijos
   e descansando no leito do meu travesseiro

Por hora eu sinto que perco as rédeas dos ventos
Porque o lá e o aqui se encontram toda vez
que faço dos nossos corpos
momentos.


03.09.08