dezembro 06, 2011

Causa mortis (to writer's block)

Mal consigo respirar. Imóvel, perco o controle dos meus movimentos. E dos meus pensamentos.

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Parece que não tivera tempo pra falar, que não fora correspondido, que não pudera ser compreendido. Ele gritava, batia contra o peito querendo sair deste gradil como se estivesse preso, condenado por querer ser o controlador, por querer determinar as escolhas. Pagara a sentença calado como se fosse culpado, mas sua paciência chegara ao seu ponto final. Então, ciente do seu tamanho e do que se torara, dominou por completo o corpo e a mente - que sucumbiu à sua vontade e se tornou sua refém. Estagnou o presente, como está acostumado a fazer nas horas felizes e nas horas tristes. Mais uma vez dono das ações, não obteve êxito sozinho. Chorou, enfraqueceu, murchou. Acarinhou a lucidez, com quem tivera desafeto. Libertou a hombridade e recolheu do chão os valores que escondera. E se calou. A mente hoje limpa as feridas, se levanta e ainda cega começa a procurar o caminho que perdera. Dessa vez ele foi longe demais. E agora é muito tarde.

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É um coração que, de tão grande, rouba as rédeas da razão e toma as decisões da vida sozinho. Em silêncio, lamenta não saber ressuscitar sua criação mais bela, o amor.
Irônico o genitor das minhas mais profundas felicidades também ser o causador do meu decesso.


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E em tua homenagem, hoje fui eu quem andou descalço pela sala.