O difícil é seguir em linha reta.
Só acordo nos últimos vinte metros - trazido pelas pernas, ludibriado pelo coração. Elas enfraquecem, descordenam. O peito sua e eu ofego aflito ao perceber que não há mais escapatória do brado da coragem. Passo os olhos ao redor para mexer o pescoço inquieto, lembrando que já procurei nestes que me observam a resposta que vive dentro desta alma há muito tempo - e que, por medo, permaneceu trancada em algum lugar. As mãos suam e eu aperto os dedos ao te ver caminhar na minha direção pelo corredor; recupero os sentidos a tempo de ver os teus olhos, fugindo dos meus, me deixando atônito. A mente paralisa o corpo. E me traz, a cada vez que ergues a cabeça, um novo motivo de viver e seguir.
Que a vida siga, então, no sonho eterno.
Um mundo onde as fronteiras são os nossos limites.
Que a ilusão seja, enfim, real.
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Renasço