dezembro 11, 2009

Cárcere (III)

O espelho de tão claro aponta inclusive as cicatrizes que escondes sob o véu negro que usas.

Coragem, és inteligente o suficiente para perceber que o caminho até tua redenção é árduo e que em cada foco sublimará uma lembrança, como um inimigo em campo de batalha pronto para ser vencido. Tua força deve sair de dentro, teu amor deve ser sólido e tuas mãos quentes e tenras para acarinhar cada verso deste reflexo que insiste em não te ver. Os movimentos que realizas deste lado são tão simétricos aos meus que ao te contemplar me contemplo, criticando tuas dismorfias e escondendo as minhas.

Minha tristeza é tua impaciência, nuvem cheia que percorre pelo teu céu e nos esconde o sol. A vontade que tens de sair é a mesma que eu tenho de ficar, logo, permanecerás em tempestade até a chuva lavar todos os teus argumentos. Enconsta no meu rosto, sente o bradar do meu peito e busca em mim a liberdade que nos falta para perceber a beleza que se forma na duplicidade dos sorrisos e nos movimentos da dança. Teu corpo é música, minha alma fogo. E se me perguntares da chama, digo que é fruto da impossibilidade de cruzares o campo de prata pra te abraçar, transformar e unir nossas cores em um amálgama rubro, conciso, verdadeiro. Tens as cinzas na mão direita e os gravetos na esquerda. Deixa teu orgulho além da cela que te prende e te enxerga em mim.

Os segundos vão passar, o espelho ruirá e o cárcere será cinzas. Das feridas, cicatrizes. Do fim, Fênix.

outubro 16, 2009

Entre copos e cigarros

Cansado destas verdades de bar, ergo a cabeça e empunho a lança contra este marasmo pseudo-intelectual

São vocês aí
e nós aqui
Difamando as mesmas hordas

Arrogantemente
colocando pingos nos mesmo is
E servindo mais uma rodada

São os pensadores aqui
E o mundo lá fora
Esperando a resposta que vem na próxima página

Inteligentemente
Desenhando a planta baixa
de uma obra sem concreto

Sem conceito
de um pré-conceito
Escondido
entre aplausos e promessas

.
A arte é insuficiente. Somos falsos artistas.
Saberdoria é indulgência.

outubro 14, 2009

Sobre ideologia e inteligência

Ando pensando que a ideologia é um romantismo pessoal. Um querer muito grande, essa vontade que temos de mudar o mundo, de passar para as pessoas o que acreditamos e o que achamos que devemos fazer para que os nossos sonhos mais profundos possam se tornar realidade. Analisando este conceito, alerto que afrontar a ideologia de cada um é, de alguma maneira, afrontar os sentimentos de mudança mais bonitos e mais românticos na opinião intrínseca de cada indivíduo. A ideologia é incorruptível, ideal, perfeita, modela o nosso caráter. E vem muito ao encontro das nossas necessidades e dos nossos desejos. Contudo, a ideologia de todos não é igual à minha; tenho idéias mais libertárias, mais centristas e, por que não, mais esquerdistas. Penso em inúmeras formas de tentar fazer a minha parte e de "plantar a sementinha" da igualdade e da mobilização social no coração de todos, da minha forma.

Mas pensa comigo: qual é a ideologia certa? O que é bom para todos e para o mundo? Será que eu tenho a competência, a excelência e a experiência de dizer o que é certo e o que é errado para todos? Não, de forma alguma. Sei apenas o que é bom ou o que é ruim para mim, especulando o que pode ser bom para o mundo. Quando discutimos com alguém sobre o mundo, mudanças e alternativas que possam servir não só para o bem pessoal, mas para o bem comum (para que possamos viver em paz e comunhão), devemos ser muito cautelosos: muitas vezes acabamos por ferir e por afrontar as ideologias de nossos amigos interlocutores; meu querido, esta é uma falha lamentável. A maioria das pessoas não têm uma visão geral do todo, muito menos a maturidade suficiente para saber separar alguns pontos de vista das suas próprias ideologias. Resultado: não há a reflexão, gerando uma confusão por parte do amigo ouvinte, que mistura alternativa com ideologia. Ele não entende e, no mais profundo ataque romântico, defende sua ideologia como uma leoa defende sua cria antes de analisar o contexto. Muitos dos meus conhecidos que se dizem socialistas (alguns de discussão muito sofrida, diga-se de passagem) pensam na salvação do mundo do capitalismo e da selvageria da desigualdade antes mesmo de pensar em como tentar solucionar problemas pontuais com alternativas mais simples, como por exemplo, tocar os tiranos com uma discussão inteligente e cativante. Fazer a sua parte. Fazer com que eles nos ouçam, nos interpretem. Eles se recusam. Devemos estudar mais, não só os temas pontuais – e dominá-los para que não percamos a razão nos momentos de fraqueza -, mas também o interlocutor, que aqui chamo de adversário, para vencê-lo e convencê-lo. Eu sou da opinião de que discutir antes de conversar não é inteligente, não é sábio; também o fato de alguém não expor suas idéias (para não gastar bala com chimango), muito menos de não aceitar ouvir a opinião de outrem, burrice. A ideologia limita a conversação, muitas vezes. E o que vem a ser isso, preguiça? Intolerância? Hora do exemplo.

Esses dias estive em Brasília em uma audiência pública para tentar recuperar os estágios de férias perdidos pelos estudantes de medicina com a aprovação da nova lei dos estágios. O estágio extra-curricular optativo ajuda a complementar a formação do acadêmico de medicina (interessado) e qualifica a transformação deste em um bom médico, bem aquele que a população e o sistema único precisam. Em função de alguns pontos da lei, os estágios foram fechados pelos hospitais-escola, que se recusaram a pagar o seguro de vida dos estudantes, por exemplo, alegando não ter verba para tal. Os hospitais nos exploram algumas vezes; entretanto, os estágios são cedidos por eles. Claro que deveríamos ter uma formação curricular muito melhor para que o estágio não seja primordial, e sim opcional. Todavia, antes de pensarmos em uma reforma curricular, devemos recuperar os nossos direitos iminentes – neste exemplo os estágios -, negociando com os hospitais-escola e com os representantes dos parlamentares. Mostrar que somos bons, surpreendê-los, seduzi-los, mostrar confiança nos nossos argumentos para que a vitória seja no verbo, convencendo-os sutilmente; não é difícil. O problema é que lá estava um outro estudante que não teve postura ao expor suas idéias de maneira objetiva; o amigo não entendeu o contexto, pois estava pautando o tempo todo a reforma curricular, bem como estava atacando os representantes dos hospitais, subliminarmente chamando-os de exploradores. Te pergunto: se te afronto, terás a mesma sensibilidade em me ouvir do que se eu te tratasse com elegância? Se eu te ofendo, terei a tua confiança? E isso pode ser encaixado em qualquer realidade, em qualquer situação. A ideologia do nosso amigo, ou seja, a vontade que tinha em mudar o mundo e, posteriormente, em julgar os bastardos, obstruiu a sua capacidade de dialogar e de construir algo de bom, de concreto. Não deu alternativas, muito menos construiu resultados. Tentei dialogar com ele, para mostrar alguns pontos de vista sem perder o foco, mas o que ganhei foram afirmativas de cabeça e um e-mail escrito por ele endereçado a todos os estudantes de medicina, ignorando a minha presença na audiência, bem como a nossa conversa.

Lamento o entendimento de alguns de que, para ter inteligência, não se deve ter ideologia. Muito menos não relacionar estas duas variáveis. Ideologia é uma condição inata de todos nós. O problema é que a grande maioria não faz nenhum tipo de reflexão junto às outras ideologias existentes, muito menos tenta analisar o contexto geral, e muito, muito menos, saber como pensa o nosso adversário para que possamos cativá-lo e vencê-lo. Quanto mais inteligência (e aqui coloco todos os tipos de inteligência que o ser humano possui, lembro que inteligência não possui um conceito único), maior a capacidade de reflexão; logo, os conceitos estão diretamente relacionados. Não acredito que existam muitas pessoas com sangue ameno para discussão; todas têm sangue quente e são ávidas por uma discussão rica em fatos de impacto para a contenda.

A rebeldia faz parte deste romantismo; ser romântico, muitas vezes, é ser infantil e estar propenso à não-reflexão e à não-flexibilidade de idéias. Às vezes, precisamos dar um passo para trás para podermos dar dois à frente, como dizia o mestre Lênin; ora entrando em território inimigo para conversar, ora ouvindo mais, deixando as nossas ideologias de lado para entendermos as dos outros. As nossas, bem sabemos, relutam em dar este passo para trás. Que saibamos ter paciência e estratégia para cativar, para fazermos a nossa parte de forma ampla e efetiva.

outubro 02, 2009

Maratona

Celebremos mais um banquete
à nação quoutrora chorou
e hoje brada aos céus e aos ventos
A vitória deste homem (vil)
contra o mundo que o tiraniza

Vamos comer
a carne dos doentes
Vamos beber

o suor dos operários
Vamos dançar
a marcha dos encarcerados
Vamos fornicar
às portas da escola

E o homem que corre à linha de chegada
Não tem mais futuro, sublimado no ofegar

Milhões de pessoas presas a um falso vácuo
Hipnotizados somos, mais uma vez.

"Vestimos agora as peles de quem nos oprime
ao sentarmos junto ao manjar dos eleitos
O chão nunca mais será o nosso derradeiro destino
e o nosso trunfo será o desenvolvimento"


Enquanto eles jogam
Nos uniremos
Eles vibram
Suplicaremos
Eles mandam
Protestaremos

.
Clientes
Até quando
Investidores
nos curvaremos
Usurpadores
sem exigirmos
Estupradores
Insurreição

Aqui, o troféu será ouro, prata e bronze.
Cegos e fartos da luxúria que os condenam, esperamos
à montante perspectivas, à jusante negligência.

.
O pódio desta maratona só merece três medalhas
Feijão, Vida e Labor.

setembro 30, 2009

Cântico (à agenesia dantesca)

Pré-frontal lotado
Objetivo inalcançado
Teclado pifado
Coração apertado
Imbróglio formado

Silêncio procrastinado
Retardo encaminhado

Eu quero é um poemeto falado.

agosto 18, 2009

Serenada

Seja sábio em tuas palavras,

beija-a-flor

Amansa a fera com teu sorriso, tua cor

de primavera. Sem dó

à volúpia ardente que brota em cada pétala


Faz deste momento nossa glória

É verão, lá dentro sem chuva

mas com o sabor molhado da aurora

Adentra na relva seca e sublimai


Já é seca e liquidou o néctar

mas ainda há imaginação nestas mentes

inda há vinho nas taças dos amigos

inda há amor no caminho do vento


.

Venta e segue!



Minha versão da poesia construída pelos neovanguardistas Felipe Lins, Danielle Rumi (.quantocustainterrogacao) e Marcos Vinícius Ambrosini Mendonça (.serestainsana). Em ordem de disposição dos versos. Que vivamos para comer mais poesia e cuspir mais boas idéias. Saber pensar vale mais a pena que pensar somente.


agosto 09, 2009

Cárcere (V)

Este outro homem que vai ao chão

é vestígio das marcas que deixei aos ventos


Palavras homicidas

de caminhos perdidos

oásis tempestuosos

alarmou atrocidades

Falsa peregrinação

com os pés invertidos

desorientou a caravana

instituiu inimizades

Ideal usurpado

afugentou as verdades

de guerreiros esperançosos

lançou sonhos funestos


.

Mas meu senhor,

é de um rumo distorcido

pela decepção de uma utopia

joguei aos punhos o que sentia


ainda há brados neste peito

resoluções, tentativas

não encontradas

senescentes

.


Sua sentença já fora decretada.


Extermino

Sobrevivo

agosto 07, 2009

Cárcere (IV)

.

Foi então que no fim da noite ele decidiu lobrigar o retrato que tanto receava. A tez intumescida gritava às suas cicatrizes, abertas - escaradas. Eu fico, aguento e interpreto cada linha tortuosa no mesmo ritmo cardíaco com que alimentei cada erro. Fito seus olhos e não desisto. Indignado. Hostiliza esse mal, homem, e faz do teu torpor tua redenção. Não te entrincheiras abaixo das tuas sombras e lança tu - sim, soldado do tempo - lança tu estas granadas e destrói de uma vez esse último pilar que te corrompe e te priva do viço que fez crescer teus galhos e florescer os frutos que tantos já admiraram. Cansado. As mãos buscam ultrapassar o crânio e arrancar de dentro dos sulcos a resposta em que tanto aposta existir dentro deste hipocampo tão mal usado. Sofrido. E não, ele não limpou o lodo que reproduzia seus movimentos dentro do cárcere. Porque dali se enxergava o mundo. Suas costelas finas, seus entes caídos e mesmo a amargura daqueles que já morreram na vã tentativa de lá escapar. Apagado. Ele franze a testa. Eu me deito. Sinto o caminhar das lágrimas junto com a minha inspiração. Dialoga comigo. Empenho-me em compreendê-lo. Exaurido. Gargalha em pranto e aponta em mim o rosto falho que lhe falta. Não o olho mais. Tampouco o ouço. Não há mais lodo, não há mais graça. Não quis mais aguardar. E contra a brisa do crepúsculo hoje só brada o meu ofegar. Epifania. Os dias doravante mais secos; as noites, doravante mais ermas.


julho 31, 2009

Poesia total (II)

II
Perseguição é fome.

Meus (e nossos) devaneios cortam e mastigam a poesia
Nos levam ao todo. E o sopro que ausculto
é o grito da guarda avante que brada
- Comei!

.
Acordo
ouço aos prantos os clamores; é guerra e somos poucos.

Ao meu lado os guerreiros, infantes. Lutadores.
O sangue marca a fúria dos bravos iguais
Levam ao povo as tragédias dos sacerdotes
e de longe bombardeiam os grandes feudos

Mas são os vanguardeiros que vão adentrar no castelo
abrir as portas para o povo
e construir o mundo novo

À frente os guardas nobres, defensores de uma moléstia
que os anos não souberam curar
filhos dos filhos dos mesmos filhos
Aleijadores dos mesmos que suplicam a sua volta

Mas são os vanguardeiros que vão adentrar no castelo
E neste acosso de verbetes e pensamentos
não sentiremos vergonha em escrever vergonhas
que serão as armas dos irmãos
para o início da nova era.





PS: continuação da poesia introduzida pelo neovanguardista Gabriel Bilhalva. Poesia segue e tem continuação livre em seu blog (.anaphorazero)

julho 06, 2009

Chegar da noite


TEDIO
.
é o que lê minha retina
nas letras travadas nos neurônios.
Mas o que eu preciso é destorcer a mente,
refutar essa má vontade
e alterar o reflexo do mosaico
.
DEITO

maio 31, 2009

Ao meu sétimo par

Larga do meu pé essa vontade

de sorrir o tempo inteiro

O reflexo do outro é tua utopia

amarga e esconde meu alento


Não quero mais que conquiste abraços

muito menos que me salve das tempestades cerebrais

um do outro

enquanto espelho

um do outro

enquanto tudo

Por que não me dá mais liberdade

de mergulhar neste desencanto

mostrar o que realmente se esconde por trás do pranto

que, de esporádico, mente que não existe


De tantos que este rosto conquistou

de tantos medos que afugentou

de tantos egos que acalmou

de tantos amores que encontrou


Vou ser aquilo que sou

Me deixa transparecer

.

Primeira poesia da nova vanguarda literária.

A terra fomenta o caos.


Enquanto me distraio com esse copo de vinho

vejo o caos com fome de terra

e o vinho com gosto de chão


Atiro-me ao cerne da existência

E arrisco a carne no limbo

Bebo o sangue que dorme no copo

Expelindo fogo fátuo pelos dentes


Risco o fósforo

Atiro ao copo

.



Primeiros passos da nova vanguarda literária. Esta poesia foi construída por três poetas que intercalavam versos - após um escrever, passava o bloco para o seguinte -, sem qualquer comunicação verbal. A intenção é jogar com os diferentes pensamentos dos poetas e unir as idéias, formando um amálgama completamente diferente e único. Essa é uma das características da nova vanguarda.

Créditos - em ordem de verso: Felipe Lins (.quantocustainterrogacao), Marcos Vinícius Ambrosini Mendonça (.serestainsana) e Jader Piccin (.jaderpiccin). Adaptação: Marcos Vinícius Ambrosini Mendonça (.serestainsana).

maio 05, 2009

Prólogo

Engraçado foi o jeito com o qual ele conseguiu sorrir naquele dia. Nada parecia encaixar; até o par de meias que vestiu antes de sair de casa estava trocado. Errou de chave duas vezes e, durante o caminho até a garagem, divagava sobre como era repleto de defeitos e como eles estavam a estragar a sua semana. A neblina impedia ter qualquer noção de proximidade com as ruas e o ar gelado que respirava tocava mais o coração do que os pulmões. Cada passo lembrava cada segundo dos momentos frustrantes do reencontro de ontem, desde o primeiro contato até o último adeus. O carro parado, sozinho, incitava qualquer tipo de comparação consigo mesmo, até porque qualquer suspiro o afundava em tristeza. O ritual é sempre o mesmo: olhar para os lados, abrir a porta e se manter atento, mas a mente não seguia mais o espectro do olhar; a retina transmitia uma outra imagem, em um outro mundo. Liga o carro. Pressa, já está tarde, vamos resolver isso logo, olhe para os lados, mantenha-se seguro.

março 31, 2009

O guerreiro cristal amarelo

.
Dedico-me com o fim de questionar
Universalizando a intrepidez
Selo a saída da inteligência
Com o tom cristal da cooperação
Eu sou guiado pelo poder da elegância

'Escolho pensamentos harmoniosos
e coopero comunicando o melhor de mim'


.
Meu Kin, de acordo com o calendário maia e o encantamento do sonho. Uma viagem maluca, onde o poema é criado baseado na data de nascimento. Criação tão insana que impressiona: incrivelmente, as palavras transformaram-se na imagem espelhada deste que vos escreve, tal qual o reflexo do meu rosto no rio; não simetricamente igual, mas o suficiente para me guiar dentre as águas e as matas.


Créditos à Frã, minha grande amiga.
Qual será o teu Kin e o que ele diz pra ti?

http://www.pan-portugal.com/bussola/Bussola.html

Conversamos nos comentários.

fevereiro 04, 2009

Crepúsculo

Cansou do vício mental

deitou-se à margem do mar

foi procurar as respostas

o som da brisa

reflexo das águas

lembranças


Cansou do escuro

às apalpadelas

foi buscar na areia

um punhado de versos

alegria do canto

significados


Cansou do mesmo

e do mesmo e do mesmo

cerrou todas as portas

mancou

de joelhos

chorou


Assim encontrou

tranquilidade

à textura das cicatrizes

respiração

firmeza para um novo chão

vontades

marchar

e marchar

.